Thursday 7 February 2013

DESENCONTRO, OU FRAUDE?

A renúncia de Spínola foi o golpe de misericórdia no futuro da democracia em Angola. No mesmo dia, a FRA espalhou, por Luanda, mais de vinte mil exemplares do discurso do Presidente. As repercussões entre a população foram de agudo pessimismo, confirmado pelas prisões de civis e militares que se seguiram.

Rosa Coutinho deu largas à sua malvadez em ordem e atitudes próprias da sua desequilibrade menta­lidade. Não se explica, por exemplo, o motivo que o deter­minou a assinar a detenção dos dirigentes da PDCA. Al­guns não conseguiram escapar, como o dr. Figueira e o Nóbrega. Este, após ter sido convidado pelo almirante Alva Rosa para uma cortez e informal conversa no palácio, foi preso à saída do edifício, sem uma palavra de justificação.

Outros, no entanto — o dr. Ferronha, secretário-geral do Partido e Rui Correia de Freitas, proprietário e director de "A Província de Angola" —, puderam alcançar Mocâmedes pelo mar e, dali, voarem para a África do Sul.

Cândidos e crédulos, os líderes do PDCA e da FUÁ — permita-se a vulgaridade da expressão — eram "anjinhos" que ainda jogavam na via democrática para a solução do problema político de Angola. Os da FUÁ nem se apercebe­ram de que o "soba" Falcão (isto é, Falsão] nos traía a todos. Já no Governo provisório, acabou de se desmasca­rar, no modo como se comportou, perante as projectadas greves dos camionistas, dos industriais e comerciantes, marcadas para 30 de Novembro de 1974.

As suas artimanhas, as suas promessas, os ardis com que enganou as classes hu­mildes que se lhe confiavam, causou o colapso de uma for­ma de luta que tinha, como objectivo primordial, o derru­be da Junta Governativa. O "Falsão" não descobriu quem tivesse a coragem de "pôr os guizos aos gatos". E tudo so­çobrou.
        

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